Soteriologias comparadas

David Sousa
3 min readApr 20, 2022

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Pelágio da Bretanha

Pelagianismo

O homem não precisa da ação divina para se salvar, ele pode por seus próprios
esforços escolher o caminho da salvação, crer e perseverar na fé e nas boas obras. Deus até pode nos ajudar (graça), mas essa ajuda não é realmente necessária.

João Cassiano, o Eremita

Semipelagianismo

O homem é incapaz de escolher a salvação e precisa da ajuda divina (graça)
para poder crer e se arrepender. Mas a partir do momento que ele está no caminho da salvação, ele é capaz de perseverar nesse caminho a partir de seus próprios esforços.

Agostinho de Hipona

Soteriologia católica / tradicional / equilibrada

O homem é incapaz de escolher a salvação e perseverar na mesma com suas próprias forças. A graça divina é inteiramente necessária em todo o processo, do início ao fim, de modo que mesmo as boas obras que produzimos durante o processo de salvação são frutos dessa graça. Não há cooperação humana no início no processo. Entretanto, também se afirma que as boas obras são necessárias à salvação, sendo elas ao mesmo tempo consequência (na parte inicial do processo) e causa (na parte final) da salvação. Tudo é pela graça, inclusive a cooperação humana, mas a cooperação humana é parte essencial do processo.

João Calvino

Soteriologia evangélica monergista (calvinismo, etc.)

O homem é incapaz de escolher a salvação e perseverar na mesma com suas próprias forças. A graça divina é inteiramente necessária para tudo. A salvação tende a ser vista como um ato em vez de um processo, e não há lugar para a ação ou cooperação humana na “equação” salvífica, que não seja no mero resultado do “ato” salvífico. O homem (predestinado) recebe passivamente a salvação e produz boas obras por consequência, e é salvo inteiramente pela fé, sem a necessidade de boas obras. As boas obras servem apenas como evidência da salvação.

Jacó Armínio

Soteriologia evangélica sinergista (arminianismo)

O homem é incapaz de escolher a salvação e perseverar na mesma com suas próprias forças. A graça divina é inteiramente necessária. A atuação da graça começa justamente habilitando o homem para escolher crer (graça preveniente) e continua o habilitando a perseverar na fé, sendo necessária a cooperação do homem tanto no início do processo (para escolher crer) quanto ao longo do mesmo (perseverando nas boas obras). Curiosamente, também existe uma tendência a afirmar que a salvação é um ato e não um processo,
que é inteiramente pela fé, e que as boas obras servem apenas como evidência da salvação, o que eu particularmente tendo a enxergar como uma incoerência nesse sistema.

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David Sousa

Alguém fascinado pela beleza da natureza e pela Beleza para a qual ela aponta. Meus principais interesses no momento são Ciências naturais e Teologia cristã.